quinta-feira, 23 de março de 2017

Sim, isto é sobre ti

Lembro-me da primeira vez que te vi desnudada de todas as tuas fortalezas, muralhas e barreiras invisíveis, ao ponto de no profundo dos teus olhos ver que te estavas a entregar de forma voluntária, qual salto de fé. Arrepiante essa sensação de ver alguém vulnerável a esse ponto e não conseguir de forma alguma não abrir essa porta por ti destrancada, para ver o cerne de algo tão belo e íntimo. Observar todos esses segredos recônditos que guardas com medo de o deixarem ser.

Recordo bem o primeiro relance inconsciente sobre ti. Surge-me às vezes algo que poderá até ter sido a primeira palavra proferida entre os dois. Aquele cheiro que estava no ar, propício à época, até me ocorre quando calha senti-lo de novo. O que é certo é que aquele olhar nunca esquecerei. A pureza naqueles espelhos da tua alma que ao capturarem a minha atenção, me tornavam débil e incapaz de não fixar o olhar de volta perpétuamente, só até que a distância entre nós passasse da visão para o tacto, do psicológico até ao físico.

Penso nisso nalguns dos muitos segundos do dia-a-dia e, embora seja um lembrar inconsciente, negar o desejo de absorver de novo esse olhar não tem qualquer sentido, quando o próprio inconsciente assim o desperta. Daí que, mesmo que o tempo agora começasse a passar à mesma velocidade que o meu músculo interior batia naquele momento de revelação, ao te ver liberta para mim, não iria deixar de me conseguir lembrar dessa primeira vez intrínseca, como se o estivesse a viver novamente.
Só nós dois. Olhos nos olhos.

sábado, 21 de janeiro de 2017

Aquele Apelo

Por favor não acabem.
Vejo-vos há tão pouco tempo juntos, mas o pouco tempo que foi, para mim foram alguns dos melhores desde que vejo a vossa existência. Deu-se um click natural e todas as nossas formas de ser, se conjugaram num ambiente de um dia criar nostalgia. Embora o conheça a ele há mais tempo e tenha alguma pequena preferência em estarmos apenas os dois a viajar, mal haja aquele pré-aviso da tua vinda cá, eu próprio fico entusiasmado. Ele é, em tudo, mais ao teu lado. A expressão natural que ele tem aumenta exponencialmente quando tu estás por perto dele. E, como bom amigo que penso ser, prefiro aquela versão feliz dele. Sempre.
É por isso mesmo que me entristece sequer pensar que por uma, lá está, na minha perspectiva, simples pequenez que deu em chatice, consigas ponderar dar cabo de uma amizade/relação tão esplêndida e próspera como a vossa. Não, não me entristece apenas. Irrita-me bastante, já que a estas horas só dá para ser sincero. Fico furioso ao pensar que te deixes levar no quente dos shots da noite e tenhas na ponta da língua umas simples e poucas palavras, mas que possam arruinar aquilo que tantos invejam. Só por repensar nas analogias que te contei, na fraca tentativa de aliviar o ambiente, bate-me uma forte nostalgia daquela pessoa feliz e realizada que fui enquanto um num colectivo de dois. Pensar que estão a deitar isso fora dá-me vontade de vos esbofetear à razão.
Tudo certo que estou de fora e a relação é vossa, mas uma vez que a vossa felicidade aumenta a minha, não vejo porque me hei-de calar. Muito menos quando vejo à minha frente alguém a desperdiçar uma feliz coincidência que cresceu ao ponto de se transformar numa das melhores combinações que já conheci na minha vida.
Por favor. Não acabem.