sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Mágoa

Vontade não falta para agarrar em ti, ou fazer-te sinal, de modo a entenderes que preciso de falar contigo num ambiente mais reservado. No entanto resisto a essa "fraqueza" de falar de e sobre sentimentos que me passam pela cabeça, porque para mim não passam disso mesmo: fraquezas.
Por mais que eu deseje libertar estes pensamentos que me assombram dia e noite, guardo tudo para mim, altruistamente, para não teres que carregar o peso dos meus segredos comigo. Esse fardo é meu e sou eu que o vou suportar até dar à sola. Independentemente de achares que deva falar contigo ou não, a vontade de me expressar só tende a crescer, mas prevalece a força, egoísta talvez, de reservar para mim estes pesadelos que me perseguem ao acordar e ao adormecer.
Gosto do facto de saber que vais estar lá para a minha queda, mas não quero me vejas a cair. Vou-te afastar sempre até ao limite da distância de segurança, pois pior que eu mandar um tombo, é saber que ao bater no fundo te vou magoar.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Mensagens

É o problema dos P's. Preocupar-me, ser Paciente, Pensar demasiado, Ponderar antes de agir. Foi apenas Pura coincidência, afinal. Independentemente da letra inicial, vai tudo dar ao mesmo. Vai tudo dar a ti. Vá, quase tudo, que eu desgosto de pessoas convencidas.
No fundo do cerne, vai é tudo calhar ao mesmo sítio. Ao centro da questão inadiável, mas que ninguém gosta de colocar por ser tão cliché que até o dicionário automático das mensagens escritas já te indica, mal escreves a primeira letra das palavras. Isto é: "Estás bem?".
É simples, directa ao assunto, sem rodeios. Talvez por isso mesmo é que raramente se obtêm respostas sinceras. Por ser tão assertiva, ninguém espera uma resposta "ao lado". É o dito "sim" ou "não". Responder talvez ou qualquer outro tipo de ideia que vacile entre o zero e o cem, dá azo a conversa e há quem não desfrute disso mesmo.
É bom receber uma destas. É sinal de que não agimos de forma indiferente e que há alguém que toma alguma atenção a nós. Ou que, subconscientemente, deixamos trespassar certos actos ou palavras que buscam essa mesma vontade de ter alguém que pense em nós e nos questione. Alguém que repare que algo está diferente e que nos pergunte, nem que seja, "Como vai a vida?".
Vontade essa que já me passou pelo pensamento e quase o ultrapassou, mas retraí a mesma. Pois por mais que seja a necessidade (e quase que é) de enviar essa mesma questão e obter uma resposta, de nada vale o esforço se, de antemão, já se antecipa um resultado viciado. Um retorno eufemizado com carinhas sorridentes e que nada ajuda a apaziguar o remetente. É aquela resposta afirmativa que é suposto dar a entender que tudo está nos conformes, mesmo que não esteja.
Daí surge o silêncio. Uma segunda vontade que supera a inicial. Porque entre ponderar, questionar e chegar ao ponto de querer saber se "Está tudo bem?" e ficar calado sabendo que a resposta vai ser falsa e manipulada para não incutir uma conversa mais profunda, escolho o imparcial que dá mais valor ao silêncio do que a um singelo retorno mascarado.