quinta-feira, 26 de junho de 2014

Ponto Fraco

Levantas bem alto esse teu impenetrável escudo por não quereres deixar mostrar o teu frágil interior. Escondes-te atrás de espelhos que apenas permitem ver o lado que está sempre pronto para levar com tudo o que te atirem, sem nunca te magoares. E se magoarem, escondes rapidamente a ferida como se de um arranhão superficial se tratasse, mesmo que tenha sido uma fractura exposta com ruptura de ligamentos.
Sangras em silêncio no teu mundo e limpas-te no fim para que ninguém perceba. Choras sozinha num qualquer canto escuro para que ninguém te veja. Para que ninguém te pergunte o porquê das lágrimas que percorrem o teu rosto.
Forças os teus músculos faciais para que aguentem o sorriso que tanta dor escondem. Inebrias o teu consciente para não lidares com dilemas diários que te importunam, mesmo sabendo que ao acordares lá estarão para mais um dia percorrerem o teu pensamento. Mas isto apenas quando, por instantes, compactuas com os teus demónios e consegues realmente dormir, já depois do habitual remédio que te ajuda a fechar os olhos.
Quanto mais te fechas mais te proteges, dizes tu a ti própria com a mão na maçaneta da tua porta de aço reforçado, mas ansiando por aquela pessoa que vai ter a chave para abrir sem forçar a entrada. Alguém que venha em teu auxílio e que te mostre que não é dar parte fraca ao abrir essa entrada para o delicado núcleo que tanto lutas para guardar a salvo.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Pura Autenticidade

Preso sem saída nesta redonda esfera,
Guardando para si a vontade; desespera.
Sem liberdade para ser neste mundo cúbico
E guardando para si o seu lado pudico.

Esconde o seu íntimo, mas é um aperto
Ser quem não é receando ser descoberto.
Porém, o pavor da exclusão é superior,
Por isso não transparece seu interior.

Deambulando entre gente que desconhece
O que realmente em sua alma acontece.
Sortudos por não terem menor ideia
Todo o mal que na mente dele vagueia.

Impõe seu altruísmo a um nível máximo
E evitando afectos de quem é próximo.
O desfecho final já é mais que conhecido
E não há restauro p'ra um coração partido.