sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Efeitos Aleatórios

Qual a probabilidade de uma coincidência ser isso apenas isso mesmo, um pura coincidência? Algo que parece propositado pelo destino - para quem acredita nisso -, mas que no fundo não passa de um ato aleatório no tempo. Questiono ainda: quão coincidente tem de ser para ter algum impacto no quotidiano?
Estás a andar pela rua. Vês uma pessoa. Ao percecionar uma caraterística dessa mesma pessoa, a mente pode divagar sobre um qualquer assunto relacionado o que pode levar a que em vez de a seguir virar à direita, vires à esquerda. É simples como algo tão aleatório, como a próxima pessoa que vai passar por ti, pode mudar o teu dia.
Mais simples que isso. Um carro. Coisa que hoje em dia é impossível de não encontrar ao andar pela cidade. Desde a cor menos apelativa à mais comum, a reação à perceção visual da frequência dessa mesma cor pode te levar a um número infinito de pensamentos. Desde o acontecimento marcante da última vez que viste tal cor, ao simples recordar de alguém cuja cor favorita é precisamente a que acabaste de ver. Coincidência? Talvez.
Vou ainda mais longe. Aproveitando o fator carro, menciono a matrícula. Um conjunto alfanumérico contínuo e catalogado. No entanto a probabilidade de ver um "00" ou "AA" sempre me pareceu minúscula. Vendo as coisas pela mesma perspetiva da cor, será que duas simples letras/números será capazes de despertar algum pensamento, assunto ou memória? E possivelmente mudar a nossa maneira de agir e, consequentemente, o rumo em que estávamos?
Vendo bem, a melhor maneira de testar, ou tentar perceber se tal acontece, é fazendo precisamente isso: testar!
RD - PO - SE - BN - ML - FT - CD -LI - 29 - 92 - 17 - 09 - 15 - 28 - 90 - 00
Despertou alguma coisa? Coincidência. As letras foram escolhidas por serem adjacentes num comum teclado qwerty e os números foram praticamente aleatórios. Algo tão simples e se calhar esta borboleta vai causar um furacão do outro lado do mundo.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Trigonometria

Sinto-me capaz de falar sobre linhas e retas apenas porque já fiz todas as minhas cadeiras de Matemática (yupi). Apesar de não ser algo do meu agrado, é algo que faz parte das nossas vidas e é daquelas coisas que não dá para ignorar. E eu sei muito bem ignorar.
De um ponto de vista simples, cada um de nós é uma reta. Uma linha simples com início e fim. Por mais que se tente, há sempre linhas que se cruzam e daí surgem amizades, companhias, rancores, amores, histórias e afins. Cabe a nós decidir que tipo de linha somos ou queremos ser. Se formos uma linha contínua, ou temos sorte, encontramos uma linha igual à nossa e se forma uma função ou apenas nos cruzamos com outras linhas e afastamo-nos delas. E sendo a nossa contínua, não nos voltamos a cruzar.
Dá jeito ser uma linha variável, como aquela função que aprendemos que sobe e desce - seno ou cosseno. Dá-nos uma chance maior de encontrar outras linhas com as quais é possível reencontrar mais à frente no gráfico da vida. Se bem que há sempre aqueles espaços intermédios onde não cruzamos a linha que queremos. É uma questão de escolha.
Vendo bem, o pior dos casos é o das linhas paralelas. Sempre à mesma distância, sempre na mesma direção, sempre sem se encontrarem. É triste se pensarmos nisso. Mas as duas linhas que se cruzam uma vez e nunca mais se encontram, acaba por ser pior.
Afinal quem é que define os limites, fronteiras e cruzamentos da nossa linha? Das nossas amizades amizades? Da nossa vida? "Nós" é a resposta que vem logo ao pensamento. Mas não é assim tão fácil de fazer como dizer.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Divergências Noturnas

Mais um sonho contigo. Mais um contacto pelo inconsciente. Mais um desejo de ti sem sequer te poder ter ou ver à frente. Entras no meu pensamento, escondeste no canto e só apareces quando se instala um auto-descontrolo no meio dos meus sonhos. Sonhamos com o que queremos e desejamos, mas também com o que tememos e receamos. Cabe a mim adivinhar o que é que significa tudo o que se passa enquanto é suposto estar a descansar? Não, ignorar é a melhor hipótese. Renegamos tudo o que vemos e experienciamos. Se foi bom recorda-se, caso contrário enterra-se bem lá no fundo da mente. Dá jeito não lembrar de tudo. Escolher o que queremos relembrar e esquecer. Melhor só se se pudesse escolher exactamente a nossa memória: esquece isto, apaga aquilo, mete isto nos favoritos. E sempre que quiséssemos podíamos ter acesso à memória em uso. Como se fosse um mp3 em que escolhemos as músicas que gostamos naquele momento. Agora quero esta, esta já não quero. Esta pode se apagar e se for preciso, no futuro, vou saca-la.
Não chega bem a esse ponto, mas a nossa memória funciona muito à base do que queremos no momento. Agora quero isto e nada mais. Agora quero trocar e ver cenas novas. O que foi antes foi mesmo isso, o passado. Agora quero outras coisas. Ser diferente. Mudar! Exactamente como se de uma conversa se tratasse. Agora fala-se de memórias e melancolias, agora já se está a falar do jogo da Académica ou do jogo de LOL que fiz à tarde, antes do café. A mudança é repentina e dificilmente é contrariada. Se, e quando for preciso, mudar é o mais fácil de fazer. Digo eu, e qualquer pessoa, no momento.
A introdução de um novo tópico de conversa é muito facilitada hoje em dia para não haver aquele momento estranho de silêncio. Enquanto houver alguém a falar, fala-se. Se houver mais de dois segundos de silêncio, torna-se muito esquisito. É da natureza humana necessitar de uma lógica e de um seguimento. Se estamos a ir por aqui, vamos continuar ou fazer uma curva e mudar o rumo. Parar é impensável. Parar é morrer.
Olhando para trás o essencial está mais que perdido e nada o irá mudar, digo eu novamente.
No fundo da coisa vem um pensamento mais perto do exacto: talvez seja má ideia começar a escrever sóbrio e continuar depois de [número aceitável pela sociedade de hoje em dia] cervejas. O que é certo é que ajuda. Já dizia o outro.