quarta-feira, 26 de junho de 2013

Vício do Jogo

As relações são como uma slotmachine. Há imensas delas no casino da vida. Cada uma com as suas especificações e caraterísticas. Umas têm aqueles jogos engraçados, outras apenas parecem ser difíceis demais de compreender e nem arriscamos.
De vez em quando lá vemos aquela que parece promissora, mas mesmo que fiquemos um tempo a meter moeda não se ouve barulho nenhum - sim, tenho noção da conotação.
Depois há aquela maior e bem vistosa com o grande jackpot de milhões, mas que só os sortudos é que ganham, como se vê nos filmes e nas séries. Entre arriscar nessa ou mandar o dinheiro para o chão, fico indeciso. Se calhar se mandar para o chão, algum ainda a apanha, mete na máquina e ganha. Mas se for eu, nada.
Há aquela assim mais fácil e acessível que já conheces de ginja como ganhar e chegar ao prémio maior, mas passado um tempo parece que perde aquela piada. Torna-se monótona. Pessoalmente, não gosto de monotonia.
Com sorte, lá aparece uma nova e incentivante. Com mais sorte ainda, pomos a primeira moeda e sai logo um prémio jeitoso. Mas lá está, é preciso sorte. Pessoalmente, não tenho sorte.

sábado, 1 de junho de 2013

Descargo de Consciência

Não consigo. Não me é possível desligar este meu comportamento. Sou assim. Nem sempre fui, mas à medida que cresci fiquei com este formato psicológico. O turbilhão de imagens e pensamentos que vêm à mente não têm aquele filtro de segurança para menores. Acho que nunca o tive sequer.
Esta qualidade/defeito traz mais desvantagens que outra coisa. A impossibilidade de não conseguir não associar o que quer que seja a um segundo sentido torna qualquer tipo de relacionamento ou conversa num bloqueio vocal. É exigido da boa-educação calar-me noventa por cento das vezes para dar má impressão. Para não pensarem mal da minha pessoa. Coisa que nem ligo muito. A necessidade que tenho de agradar a gregos e a troianos é que me me faz valorizar as ideias que têm de mim. Isso sim considero como defeito.
Egocentrismo é algo que não uso. Não chega ao ponto de altruísmo utópico, mas fica algures pelo meio. Ao menos nisso não fico a oito ou oitenta. Faço o que faço por quem faço porque quero e não por obrigação mútua. Quando me pedem um favor, sempre que posso, ajudo como posso e não aponto para mais tarde cobrar. Quem merece tem. Quem não merece às vezes também tem. Gosto de ajudar e sinto-me realizado por ser útil. Dá um certo sentido à minha existência insignificante neste mundo tão vasto.
Tenho para mim que atitudes não definem a totalidade da pessoa. Ajudam nisso, mas cada um é como é e não temos o direito de julgar alguém por agir de certa forma com outros. Embora não deixe de pensar que quem trata mal um empregado de mesa merece uma boa cuspidela na comida. Eu já servi à mesa e sei do que falo.
Isto tudo para dizer o quê? Nada ou pouco mais. Estava necessitado de uma descarga de consciência. Se alguém tivesse certos comportamentos que tenho tido, provavelmente insultava e diria mal desse sujeito. Tenho uma mente extremamente fértil para o perverso, mas, no que toca a pensar antes de agir e dizer o que não devia, não tenho um travão. Talvez tenha algo a ver com o dito Carpe Diem. Ou simplesmente estou farto de perder oportunidades por não arriscar. Desperdicei já demasiadas chances para não magoar ninguém. Já estou na fila para receber algo de bom na vida à algum tempo e acho que está a chegar a minha vez. Sim, acho que ouvi chamarem o meu número. Vou entrar. Vou entrar sem olhar para trás. Se pisar alguém, peço desculpa desde já. Não é que seja sentido, mas fica bem dizer.