quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A Ironia da Lua

Mais um texto rebuscado duma noite qualquer.

Sempre o fiz e sempre pensei que o iria fazer. Era uma coisa natural. Era um hábito.
Olhar para cima e vê-la lá bem em cima, destacada de todo o resto do céu.
Sempre gostei de olhar para a lua.

Fixava-a perfeitamente concentrado na tua cara. Na tua imagem.
Consegui-a literalmente ver-te, como acontece nos filmes.
Foi então que desviei o olhar para o lado. Era um som familiar mas que não reconheci de início. Era um helicóptero do hospital a levar alguém, certamente de urgência.
Naturalmente surgiu-me no pensamento: a ironia de estar a olhar para a lua a pensar em ti e o que me distraiu foi precisamente uma lembrança "Queres-te voltar a magoar?" E foi o suficiente.

Pus logo um sorriso na cara e saí de casa. Nem olhei mais a lua o resto da noite. Nem me lembrei mais dela. Pelo menos por essa noite.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Imaginação Fértil

Sempre que me perco nos meus pensamentos, acabo a falar comigo mesmo. A ter diálogos e a contar historias. Nada de estranho, apenas mais um que fala sozinho. Só que nos meus pensamentos, falo a mim mesmo como se contigo estivesse a falar. Antecipo as tuas respostas e reações e é como se fosse um dialogo entre nós. Tudo isto na minha cabeça devido à minha fértil imaginação. Até estas mesmas palavras que escrevo neste momento. Cada uma delas é escrita como se estivesse a sair da minha boca e a entrar no teu ouvido e os meus olhos vêm, como se fosse real, a tua cara à minha frente. E ouço perfeitamente a tua voz. Vejo cada um dos teus tiques. Demasiado real? Talvez. Não deixo de apreciar o fato de o conseguir fazer.

Imaginação fértil. Dá para tudo. Basta pensar nos "ses". "E se eu não te tivesse emprestado o meu casaco naquele dia?", "E se naquele primeiro Adeus, tivesse mesmo virado as costas?", "E se naquele dia eu tivesse ficado em casa?" e a imaginação faz o resto. Costumo associar ao filme Efeito Borboleta. Se o passado tivesse sido diferente, como estaria eu agora. Onde estaria. Com quem estaria. Tanta variável e hipótese que me enche a cabeça. Mas de certa forma apoio estes pensamentos. Digo até que é 'saudável', pois embora nos faça pensar nesse outro presente, também nos faz apreciar o que temos neste presente. Pode ate nem ser muito, mas eu sei que o que tenho tem valor.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Dormir

Tenho um pequeno problema, ou talvez não. Às vezes chego a casa alegre e escrevo pequenos textos, gravo-os e só passado uns tempos é que os "encontro". Este é um deles.

Quem é que teria sequer sono quando o coração aquece de sentimento e alegria com o simples movimento da pessoa que amamos ao nosso lado, enquanto esta dorme. Algo tão simples como o empurrar dos lençóis para baixo por causa do calor, nem sequer incomodava. Era um ato inconsciente, mas nem por isso deixava de sorrir de orelha a orelha no silêncio da noite. Apenas eu e tu sozinhos. Era o meu pequeno paraíso.

Tu sabes como eu sou. Não tenho aquele sono que tu tens. Foram raras as noites em que adormecer era instantâneo. Só quando o cansaço do dia era demasiado. Às vezes nem forças havia para contemplar a beleza deitada do meu lado. Adormecia à mesma. Já sabia que ao acordar te ia ver, normalmente de boca aberta a olhar para o teto ou de costas para mim. Não me importava. Estávamos juntos. Isso era o mais importante.