domingo, 25 de novembro de 2012

Sorriso do Passado

Instalou-se a melancolia. Nada a fazer agora senão passear na 'memory lane'. Ao certo, desconheço o que despoletou recordação. Entre a música, a letra e o detalhe, qualquer um poderá ter sido. Embora o detalhe tenha sido essencial. Daí a designação.
Lembro-me, não como se fosse ontem, mas como se tive sido ainda esta década. Ainda está presente na memória, mas há falhas criadas pelo tempo e distância. Talvez até auto-infligidas, quem sabe. A primeira vez? Não sei quando terá sido. Provavelmente nem notei por ser algo vulgar. É apenas mais uma expressão do corpo humano. Porque haveria de lhe dar especial atenção? A verdade é que assim como cada um é diferente, também as nossas expressões são únicas.
Olhos bem abertos, focados uns nos outros. Mãos à frente da cara, para não deixar ver o sorriso, ou talvez os dentes. E aquele rir. Aquele riso mais que característico, sendo provocado ou não. Difícil era parar. Porque haveria? Sabia tão bem. Ainda o consigo ouvir, em sonhos.
Agora, o mesmo instinto que incentivava a chacota, transforma-se por completo. Com o tempo a memória muda. A chacota passa a saudade. Instala-se a melancolia.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A Luz

Pisquei os olhos. E num piscar tudo mudou. Daquelas coisas que, sem repararmos, vão mudando e quando realmente te apercebes, a diferença é gigantesca. Como do sol para a noite.
Pisquei os olhos de novo. Não queria acreditar na mudança tão repentina. Não pensei que tal fosse possível. No céu apenas um punhado de estrelas se viam.
Pisquei os olhos e desaparecera. Aquele brilho que me guiava ao subir minha rua. Aquela memória que me fazia sorrir quando tudo estava em baixo.
Pisquei os olhos. Não chegou a um segundo, mas às vezes um único segundo pode durar uma vida inteira. Foi o que eu senti naquele instante.
Pisquei os olhos e deixei de a ver. Ultrapassou o alcance da minha visão. Podia dizer que saiu da minha vida, mas seria um exagero. Afinal, apesar de nem sempre a vermos, todos sabemos que a Lua está no mesmo sítio.

domingo, 4 de novembro de 2012

A Cicatriz

"É veneno que corre pelas veias. É vírus implantado no meu cérebro. É pesadelo que me assombra de noite. É miragem que me desorienta durante o dia. É coincidência que não passa despercebida.
Tudo calmo e sossegado. E logo com um som ou vibrar chega-me o sabor do veneno. Amargo e cruel. Magoando-me outra vez. Esmagando o que outrora cicatrizou inúmeras vezes.
Antídoto inexistente. Só o próprio veneno. "Fogo com fogo". Aqui é outro mal que se aniquila a ele mesmo. Ou pelo menos ameniza a dor. Essa não quer acabar. Como um parasita instalou-se e quer ficar. Qualquer lembrança é suficiente para mostrar a sua presença e magoar de novo."

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Sociedade

Ora portanto, encontrei um .txt com o seguinte texto. Parte curiosa? Foi escrito de madrugada. Não me lembro de o ter escrito (estava alegre). O nome do ficheiro era o seguinte: "Another One Bites The Dust", mas não sei porquê. Basicamente o eu alegre gosta de brincar com a minha metade sóbria. O ficheiro até estava meio escondido, vejam lá.
"Sociedade dos dias de hoje:


uma rapariga que já por si só tem os padrões físicos do chamado "corpo bom", maquilha-se toda, põe-se em trajes menores e em posições "provocantes" e tira milhentas fotos em sítios (para mim) ridículos. Essas fotos na comunidade virtual são idolatradas e spammadas de comentários brejeiros de todo o tipo de rapaz. Odeio. Se há coisa que não me atrai é falsidade. Isso e fotos com bico de pato. Coisa mais idiótica.

uma rapariga gira, engraçada, com um corpo 'normal' e que não se mostra nem mostra interesse em se mostrar, tira fotos (ou tiram-lhe) no quotidiano ou em festas, com amigos, família, animais de estimação; vá, fotos mais normais. O que acontece? Nada de especial. É mais uma. "Oh, achas essa gaja gira? Nem mamas tem!" Dos piores comentários que já ouvi. Não me vou armar em santinho (embora seja Santos) e dizer que nunca vasculhei páginas de perfil das ditas raparigas mais "boas". Quem não o fez? Até o contrário existe. Raparigas com baixa auto-estima que passeiam por fotos de outras com corpos que elas desejavam ter. Por fotos de raparigas vestidas com roupa que não lhes servia na cabeça sequer.

A minha conclusão é esta: não há nada a concluir. Esta sociedade está como está e dificilmente alguém a vai mudar. Quem me dera que esse alguém existisse. Alguém que em vez de estabelecer novos padrões, não pusesse padrões! Porque raio tem de haver um normal? Desde que a minha mente alcançou aquela fase em que comecei a ter opinião própria, que faço o que eu quero como quero. "Ah, mas isso não se faz assim. Assim é estúpido!" Obrigado. Que sou estúpido já eu sei à imenso tempo. Estúpido, parvo, anormal. A lista é grande, mas não é das coisas que me tira o sono. Liberdade de ser como se quer. Um bocado utópico, eu sei. Mas é difícil para alguém que não é normal, pensar como alguém que o é."
 E é isto. Vou de novo sair. Pode ser que amanhã encontre outro textinho perdido no meu ambiente de trabalho.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

E agora?

O que fazer? Esta é a minha questão pertinente.
É uma pergunta muito geral e quero mantê-la assim. Por exemplo: sei que tenho um exame para a semana, mas convidaram-me para sair. O que fazer? Sei que devia ter uma alimentação equilibrada, mas apetece-me comer carne à bolonhesa com meio pacote de molho de alho. O que fazer? Sei que tenho aula amanhã cedo, mas apetece-me ficar no computador até às 5h. O que fazer? Sei o que custa ser ignorado e tratado como um desconhecido, mas apetece-me fazer isso a certas pessoas. O que fazer? Tópicos infinitos consoante as pessoas e circunstâncias.
Foi à volta disto que o meu pensamento rondou, ontem por volta da hora em que já devia estar no segundo sono. É algo que o meu pensamento adora bastante. Quando chega a hora de dormir, tudo o que a rotina e pressa do dia-a-dia não te fizeram pensar, surge tudo ao mesmo tempo no pensamento! Até acontecimentos de há três e cinco anos atrás. Pessoas que já saíram da tua vida, dos teus pensamentos. Todas essas coisinhas aparecem naquele momento tão inoportuno. E agora volta a questão. O que fazer? E aparece o tão famoso não sei.
Uma coisa eu sei. Não tenho exame para a semana, mas também não vou sair. Devia comer bem, mas hoje vou comer "mal" e muito! Ficar no computador até às 5h? Não, até às 3h chega. Ignorar as pessoas que o merecem? Se o merecem, porque não?

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Uma Rapidinha

Relações. Como eu as vejo e como os outros as vêem.
Tipo as minhas meias. Passado um mês de as usar, troco umas com outras. Quem vir não nota, porque a cor acaba por ser igual. Uma mais clara que a outra, mas não deixam ambas de ser pretas, cinzentas, etc.
A mim mete impressão. Esta não devia estar com esta. Não é natural! Às vezes recuso-me a calçar essas mesmas meias diferentes.
Sim, eu sei. São meias. É anormal sentir isto por umas peças de roupa tão vulgares que a maior parte do tempo estão tapadas pelo calçado e pelas calças. Talvez eu seja anormal... Ah! Who am I kidding, isso já foi comprovado há anos atrás! \o/

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A Mensagem

"Finalmente em casa" pensei depois de dia tão agitado. Tirar a roupa, ficar à vontade. Chegar à mesa e ter o jantar pronto. Que bom! O cansaço foi tanto que a dor nos olhos me forçou a arrancar as lentes. No fim de jantar fiz o meu ritual. Ir até à varanda, fechar a porta, para cortar o ruído de dentro, e apoio-me no parapeito. Só o suficiente para fechar a janela contra o meu pescoço e apenas ouvir o som de trás de minha casa. Aquele som indescritível do encontro entre o campo e a cidade.
O facto de ter as lentes ajudou. Por mais que tentasse apenas vi-a o estranhamente belo clarão da cidade. O dia foi longo e o descanso é merecido. No entanto, a vida virtual ocupa-me e quando dou por mim são duas da manhã. Chego a cama e a luz do monitor do portátil acaba por se desligar. Apenas para passados segundos se ligar de novo. Tinha uma mensagem. Daquelas que não se gosta muito de falar, mas que eu adoro por que me fazem pensar. E quando se pensa, escreve-se:

É normal, mesmo passado anos, ainda sentir um afeto/carinho especial por uma rapariga? E sentir esse mesmo sentimento, mas em relação a todas as raparigas com  quem estiveste? Um sentimento que te impede de esquecer o lado bom das coisas. Um sentimento que te impede de não ajudar quando te chamam.
Dizem que sou simpático. Ás vezes sou simpático demais e há quem se aproveite das situações. Eu acho que sou masoquista.

Uma pessoa "perfeita", quando magoada, não voltaria a cometer o mesmo erro. Uma pessoa normal, nesse mesmo caso, talvez caia na mesma asneira duas ou três vezes. Então como se chama à pessoa que cai vezes e vezes sem conta no mesmo buraco, sabendo que aquele caminho não mudou e que o buraco está lá no mesmo exato sítio? Estúpido? Anormal? Ceguinho?! Eu prefiro masoquismo.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Dezassete do Nove

Tenho imensas saudades tuas! Apetece gritar essas quatro palavras até tu as conseguires ouvir aí tão longe.
Tudo começou quanto disseste que eras capaz de ir para fora. Não me atingiu muito porque ainda havia a incerteza. Passado umas semanas chegou a confirmação. Senti um calafrio quando me disseste que ias mesmo. Foi aí que, talvez desesperadamente, me aproximei de ti. Mas no fim a distância aumentou. Tiveste que ir, eu sei. Por ti ficavas cá. Comigo e com todos os outros que te fazem sentir em casa! Que te irão fazer sentir em casa quando cá voltares! Volta rápido.
Hoje dei por mim no carro na pose do costume: óculos de sol, auriculares nos ouvidos, a olhar pela janela e a levar com o vento na cara. "Hoje é o meu dia", corria-me pela mente. No entanto olhei para o lado e senti a falta de algo. Senti a tua falta. Foi tão forte e tão de repente que não aguentei. O calor era tanto que as lágrimas secavam antes de lhes sentir o seu sabor salgado no canto da boca. Ninguém viu. Ninguém notou. Não me contive, mas o rádio alto e os óculos disfarçaram a minha emoção.
Depois do sucedido acalmei. Pensei ter sido um desabafo emocional repentino. Talvez tenha sido exatamente isso, mas o que eu tomo como certo é a força com que isso me atingiu. Senti-me inseguro e prestes a cair a cada passo possível de dar. Senti-me desamparado e sem aquela segurança dita normal de existir a cada situação leviana da vida. Lá está, senti a tua falta. A tua presença era tão normal e segura que, de certa forma, tinha sido tomada como garantida. Agora vejo e sinto que não. Dizem que é o chamado "crescer". Senti e cresci. Pena que tenha sido preciso esta chapada psicológica para tal. Acaba por ser mais uma numa vida de estaladas!

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Arrepio na espinha.

Era meia-noite e vinte e dois minutos. Não vi os segundos. Mas sei que foram mais de sessenta os segundos que durou o meu arrepio na espinha. Estava a sair da minha sala e lembrei-me da sala de tua casa. Lembrei-me de como desligavas a box da televisão. Coisa banal, mas que vi à minha frente como se de uma alucinação fosse. Demasiado real, se é que queres saber. E no fim desse momento apenas um pensamento me vem à cabeça. Tu nesse preciso instante. Passou-se algo?
Nunca fui muito com bruxarias, magia, etc. A verdade é que depois de milhares de coincidências extraordinárias que "tivemos" fiquei um pouco crente de que há mesmo coisas que acontecem por uma razão. E talvez que, pelo facto de terem sido anos juntos, algo ficou dentro de nós. Uma lembrança. Uma ligação. Diziam que éramos parecidos e passávamos por irmãos. Talvez tenha ficado uma ligação como dizem ter os gémeos idênticos. É por isso que me questiono se se passou algo nesse momento.
Era engraçado. Nada mais do que engraçado o suficiente para originar um sorriso na minha triste cara. Era engraçado, de alguma forma não direta, descobrir que de facto houve um acontecimento contigo nesse instante. Que o meu arrepio teve uma razão. Caso contrário, seria apenas um arrepio. Coisa tão indiferente como a minha reação cada vez que ouço o teu nome. Pensando melhor, estava cansado e não comi de jeito hoje. Meh, se calhar apenas me levantei demasiado rápido do sofá e bati mal. Caga nisso.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A Ironia da Lua

Mais um texto rebuscado duma noite qualquer.

Sempre o fiz e sempre pensei que o iria fazer. Era uma coisa natural. Era um hábito.
Olhar para cima e vê-la lá bem em cima, destacada de todo o resto do céu.
Sempre gostei de olhar para a lua.

Fixava-a perfeitamente concentrado na tua cara. Na tua imagem.
Consegui-a literalmente ver-te, como acontece nos filmes.
Foi então que desviei o olhar para o lado. Era um som familiar mas que não reconheci de início. Era um helicóptero do hospital a levar alguém, certamente de urgência.
Naturalmente surgiu-me no pensamento: a ironia de estar a olhar para a lua a pensar em ti e o que me distraiu foi precisamente uma lembrança "Queres-te voltar a magoar?" E foi o suficiente.

Pus logo um sorriso na cara e saí de casa. Nem olhei mais a lua o resto da noite. Nem me lembrei mais dela. Pelo menos por essa noite.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Imaginação Fértil

Sempre que me perco nos meus pensamentos, acabo a falar comigo mesmo. A ter diálogos e a contar historias. Nada de estranho, apenas mais um que fala sozinho. Só que nos meus pensamentos, falo a mim mesmo como se contigo estivesse a falar. Antecipo as tuas respostas e reações e é como se fosse um dialogo entre nós. Tudo isto na minha cabeça devido à minha fértil imaginação. Até estas mesmas palavras que escrevo neste momento. Cada uma delas é escrita como se estivesse a sair da minha boca e a entrar no teu ouvido e os meus olhos vêm, como se fosse real, a tua cara à minha frente. E ouço perfeitamente a tua voz. Vejo cada um dos teus tiques. Demasiado real? Talvez. Não deixo de apreciar o fato de o conseguir fazer.

Imaginação fértil. Dá para tudo. Basta pensar nos "ses". "E se eu não te tivesse emprestado o meu casaco naquele dia?", "E se naquele primeiro Adeus, tivesse mesmo virado as costas?", "E se naquele dia eu tivesse ficado em casa?" e a imaginação faz o resto. Costumo associar ao filme Efeito Borboleta. Se o passado tivesse sido diferente, como estaria eu agora. Onde estaria. Com quem estaria. Tanta variável e hipótese que me enche a cabeça. Mas de certa forma apoio estes pensamentos. Digo até que é 'saudável', pois embora nos faça pensar nesse outro presente, também nos faz apreciar o que temos neste presente. Pode ate nem ser muito, mas eu sei que o que tenho tem valor.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Dormir

Tenho um pequeno problema, ou talvez não. Às vezes chego a casa alegre e escrevo pequenos textos, gravo-os e só passado uns tempos é que os "encontro". Este é um deles.

Quem é que teria sequer sono quando o coração aquece de sentimento e alegria com o simples movimento da pessoa que amamos ao nosso lado, enquanto esta dorme. Algo tão simples como o empurrar dos lençóis para baixo por causa do calor, nem sequer incomodava. Era um ato inconsciente, mas nem por isso deixava de sorrir de orelha a orelha no silêncio da noite. Apenas eu e tu sozinhos. Era o meu pequeno paraíso.

Tu sabes como eu sou. Não tenho aquele sono que tu tens. Foram raras as noites em que adormecer era instantâneo. Só quando o cansaço do dia era demasiado. Às vezes nem forças havia para contemplar a beleza deitada do meu lado. Adormecia à mesma. Já sabia que ao acordar te ia ver, normalmente de boca aberta a olhar para o teto ou de costas para mim. Não me importava. Estávamos juntos. Isso era o mais importante.

domingo, 22 de julho de 2012

Não dá para esquecer

Um dia destes passei por um banco. Um banco como outro qualquer, onde qualquer um se senta e descansa. Mas para mim não é um banco qualquer. Foi nesse banco que me sentei pela última vez com uma 'amiga' ao meu lado. Foi a última vez que a beijei.
Depois disso raras vezes a vi e o sentimento que havia, acabou por desaparecer. No entanto sempre que olho para esse banco lembro-me disso. Lembro-me dela. Uma pessoa que agora nem parte da minha vida faz.

Porquê? Porque é que me lembro destes pequenos detalhes amorosos a que ninguém dá interesse? Porque é que me lembro de todas as datas significantes, por mais pequeno que fosse o motivo da sua significância?!

Pergunto-me várias vezes porque raio não consigo aplicar esta fantástica memória aos estudos. Já teria acabado o curso provavelmente. Em vez de guardar na minha memória o banco em que pela primeira vez apalpei os seios de uma rapariga, poderia guardar matéria suficiente para fazer três ou quatro cadeiras.

O pior nem é isso. O pior é quando ainda há aquela saudade. Aquele sentimento por aquela pessoa especial. E, como que por masoquismo inconsciente, olho para um sítio qualquer que me faz recordar essa dita pessoa. As vezes basta uma paisagem, um olhar, até um cheiro e um turbilhão de memórias vêm ao de cima.
São momentos destes que me ajudaram muita vez a perceber o que ainda sentia. Se senti-se uma dor enorme, provavelmente ainda gostava dela. Se sentisse um alivio, uma paz interior, já tinha seguido em frente.. Ou talvez estaria simplesmente embriagado e nem liguei muito.

domingo, 24 de junho de 2012

A Ferida


Podia ter sido numa queda. Podia ter sido uma brincadeira de amigos. Podia até ter sido numa briga nocturna.
Foi na parede. De propósito. Sozinho.
Deu o primeiro golpe e nada. Deu o segundo e o terceiro e nada. Só o sétimo é que começou a acusar dor. Ao décimo começou a ver a parede a ficar vermelha. Pequenas manchas de sangue.
Doi-lhe mais a mão direita pois tem mais força e a raiva deixou-o descontrolado.
Finalmente, o sinal de dor. Uma pequena gotícula de água a escorrer pelo rosto facilmente confundível com suor.
Chegou ao ponto desejado. Ao ponto em que a dor das mãos faz esquecer a dor do coração que mais uma vez foi esfaqueado, pisado e cuspido em cima.
São apenas uns segundos de alívio até a dor voltar ao pensamento.
"Porquê? Porque é que acreditei que desta vez seria diferente?". E mais golpes saiem desse pensamento enraivecido.
Não cai. Atira-se ao chão. Espernear e gritar ajudam a soltar o ódio que sente.
No fim levanta-se, respira fundo e esconde tudo o que foi naquele momento. A faceta violenta, raivosa e cheia de ódio desaparece. Pelo menos por hoje.

domingo, 3 de junho de 2012

Gostava de poder chorar.


Cada sofrimento teu provoca-me um sentimento profundamente amargo e inexplicável.
Por muito pequeno que seja, doi. Toda a gente o sabe.
Mas por muito grande ou pequeno que seja, eu guardo-o. Guardo-o bem cá no fundo do meu ser. Junto todas essas raivas e angustias que me são provocadas diariamente.
Como um grande homem bastantes vezes me disse: a corda estica até partir.
E assim como tudo, o meu reservatório de angústias tem limite.
Chega a um ponto em que por muito que se tente, não cabe mais. E aí, explode. Explode como uma bomba de estilhaços que afecta todos à minha volta. Quer seja indirectamente a uns e directamente a outros. Quer seja mais uns que a outros. Ela acaba por chegar a todos por diversas maneiras.
O mais triste disto, é que nunca (ou raramente o) fiz para que tal acontece-se.
Apenas em uma ou duas raras ocasiões na minha vida desejei tão mal a alguém ao ponto de quer que sentissem esta minha 'bomba'. E hoje em dia, olhando para trás, arrependo-me de sequer ter pensado em tal.
Ninguém merece tal sofrimento. E lá por eu o sentir, não o devo desejar "ao próximo".

domingo, 13 de maio de 2012

Mensagem de Boa Noite


A tua doce voz acalma o meu irrequieto coração que palpita a 1000 à hora cada vez que penso em ti.
Cada palavra que vem da tua boca, sendo com más ou boas intenções, é como uma brisa fresca de verão que me acaricia os ouvidos.
O teu olhar em mim tem o mesmo efeito da Medusa. Fico parado sem saber o que fazer ou dizer, por medo de ser incorrecto e te afastar e ficar outra vez sozinho e magoado.
Se pudesse prendia-me nos teus braços, que tanta vez me ajudaram a ultrapassar fases más da vida. Calorosamente abraçavas-me e tudo ficava bem.
Vou dormir. Pensar em ti. Sonhar connosco. Dorme bem Meu Anjo.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Mais um acidente


Já não seguro mais no volante nem nos pedais. Perdi o controlo das mudanças.
És tu quem conduz agora, livremente, à tua vontade. Diriges-me para onde queres e desejas sem perguntar se o caminho será o mesmo.
E eu, sonhando com o destino, vou deixando que me leves. Não sou eu quem decide a estrada a percorrer.
A única decisão ao meu alcance é exclusiva a mim. Apenas eu a posso tomar.

Sou eu que controlo o travão de mão. Usa-lo seria como um acidente contra uma parede. Uma paragem súbita e abrupta. Nada agradável.
Nenhum de nós iria gostar. Mas para eu o fazer algo se teria passado. Algo suficientemente agressivo para me obrigares a usar a minha única solução.
Evito pensar em tal coisa, precisamente pelo que significaria. Mas existe esse caminho. Existe esse mecanismo bruto e a hipótese de o usar. Uma salva guarda para um coração pisado e insultado vezes sem conta.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Um Toque Musical

Sim, existe. Não o vou negar. Não a vou esconder. Está dentro de mim e em cada meu pensamento.
É uma vontade de ter um conforto e companhia. Direccionada por uma bussola viciada por ti. Viciada em ti.
"Casar? Q'azar que era casar!", ja dizia um amigo meu. Mas se fosse contigo, seria milagre.
Depois de tudo o que passei só por sentir esta dor, este aperto, este sentimento. Tudo dentro de mim!
As conversas infindáveis que mais pareciam esforços inúteis. Um gasto de saliva em vão, visto que nada mudou.
Crias-te o teu próprio mundo. Puseste barreiras a protege-lo. Portões enormes que só tu podias abrir. E só deixavas entrar quem tu querias.

Paz. Era o meu desejo no final de cada aventura que nos juntava. Como qualquer pessoa, eu só queria estar bem.
Apenas no mundo dos sonhos voltava aquele quarto. Aquela cama. Só aí conseguia estar a teu lado sem pensar no que se passava à volta.
Nunca foi fácil. Nada o é. Se fosse fácil não teria tanto prazer como o prazer que nós tinhamos. Conseguia viver apenas do teu calor.
Mas não foi assim que o tempo nos fez. São coisas. Coisas que nos afectaram ao longo destes anos.
Contudo digo confiante que não foi um viver em vão. Aprende-se sempre algo mais.
Então, eis que chega o fim. E mesmo assim a minha vontade não muda e lá estarei amanhã.




Eu estou bem
Quase tão bem
Vê como é bom voltar a dizer
Eu estou quase a viver

sexta-feira, 20 de abril de 2012

O Doce


Era uma vez um rapaz que acordou numa loja de doces. Como qualquer rapaz, ele lambeu os lábios e deliciou-se! Comeu este, comeu aquele. Provou vários doces.
Foi então que provou um que gostou imenso! Era um biscoito doce com uma pequena pinta de chocolate.
Parecia apenas mais um doce, mas aquele .. aquele era simplesmente delicioso. Tinha algo que o diferenciava de todos os outros.
O rapaz disfrutou dele durante muito tempo. Comia-o como se fosse o último. Em dentadas pequenas para disfrutar durante mais tempo.
Mas, como tudo na vida, aquele doce acabou. Durante algum tempo o rapaz procurou por todo o lado o doce, mas sem sucesso.
Entao experimentou outros doces parecidos com O doce, mas nenhum era igual.
O gosto que ficava na boca. A sensação ao come-lo. O sabor ao trincar. Era tudo muito melhor. Era o seu preferido, mas acabara.
Teve então de se conformar com outros doces. Não eram maus, mas não eram aquele doce. Não era a mesma coisa.
Mesmo assim, o rapaz não deixou de procurar o seu preferido. E ainda hoje o procura, para mais uma dentada. Mais uma pintinha de chocolate.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Um Desejo

Palavras, cheias de emoção escondida, são escritas e lidas como se se trata-se de uma conversa simples entre duas pessoas conhecidas.
Nada disso. Embora nenhum dos dois o diga. Ambos escondemos o que queremos.
Porque se o dissermos ou se o escrevermos, existe a hipótese de rejeição. E ninguém gosta disso. É uma sensação horrível.

Por isso é que são raras as conversas. Porque se um de nós tiver sempre a falar, dá a mostrar o que quer e sujeita-se a ser negado do seu desejo.
Tem de ser controlado esse desejo, caso contrário, não se concretiza. Tem de haver uma desculpa. Tem de haver um tópico específico. Tem de haver um razão lógica para falar com o outro.
Não se pode simplesmente dizer "Olá! Tudo bem?" porque isso mostra que o objectivo era realmente apenas falar.
Apenas saber que nesse momento estou no teu pensamento.
Saber que estás a olhar para o computador e a imaginar-me do outro lado.

Mas isso é "proibido" e apenas ia tornar mais difícil a comunicação entre nós.
E apesar de não admitirmos ambos queremos esse simples acto: falar. Olhar um nos olhos do outro e falar.
Portanto, continuamos nesta dança. Ás vezes mais que dois. Ás vezes sozinhos. Mas continuamos a dançar, talvez graças a uma esperança de um dia sermos só os dois a dançar.
Só os dois. Até ao fim da música.



quinta-feira, 12 de abril de 2012

Um constante sonhar contigo

Entras na minha vida sem pedir licença. E da mesma forma repentina que entras, sais.
Porque? Pergunto-me eu. E a resposta, essa é indecifrável.
Não encontro explicação lógica para tal.
Gostava que me dissesses, mas se nem às perguntas simples consegues responder, quanto mais a esta.

Faço o impossível para saíres da minha cabeça e sabes o que acontece? Nada.
Continuas lá. Num sítio bem protegido, talvez pelo meu coração, talvez pelas boas memórias.

Esgotas o meu pensamento diariamente. Nem imaginava possível conseguires ainda estar presente. Mas também não o evito, pareço masoquista.
Chego a passar, inconscientemente, em sítios que eu sei que me fazem lembrar de ti, de nós. Em sítios que sei que és capaz de lá estar.
Talvez para te ver. Talvez para falar contigo. Não sei a razão pela qual o faço. Mas faço.

sábado, 7 de abril de 2012

A Máscara da Noite

A luz da noite. É para lá que eu olho e impreterivelmente penso em ti.
Tão grande e cheia de energia branca, no meio de um céu tão escuro e frio.

E começam assim as noites. A pé e ao vento, debaixo do que foi um dia um símbolo único para mim.
Olho para baixo e recomponho-me. Visto a minha máscara da noite e tudo fica melhor. Quase que feliz.

A noite tem de tudo. Basta querer. Desejar. Avançar. Conquistar.
E para quê? Ao ínicio do dia nada mudou. Apenas diminuiu um bocado a vontade pouco controlável de te ter.

De certa forma ajuda. Tudo em demasia faz mal.
Até o veneno que me ajudava a esquecer foi demais.
Foi tanto que quando quis lembrar não consegui.

Não sabes o quanto me doeu.

terça-feira, 3 de abril de 2012

"O Perigo é um Vício"

Sinto-me viciado. Completamente agarrado.
Vejo o caminho que percorri e as semelhanças que existem com o presente.
Os buracos são os mesmos. As curvas são iguais. As saídas exactamente no mesmo sítio.
E agora pergunto-me, porque? Porque continuo este caminho sabendo que no fim há um muro intransponível.

Mudança. É a esperança da mudança. Essa é a verdadeira razão pela qual eu continuo a andar.
É como rever um filme e esperar um fim diferente.
Mas, no meu filme, o bom da fita sofre sempre no fim. Sempre, até agora.
Daí existir uma esperança. Uma vontade de que corra bem!


"Talvez desta vez seja diferente e eu fique bem. Talvez .."

segunda-feira, 26 de março de 2012

Karma

É algo que pensei já ter "compreendido".
Já tive tantas experiências com ela. E ouvi ainda mais..

Desta vez? Desta vez não percebi. Não percebi nada mesmo.

Á uns anos estava eu no lugar oposto e quando eu pedi para me darem espaço para agir, foi como falar para as paredes.
No final quem "ficou na lama" fui eu e ele teve o que queria.

Passado tanto tempo dei por mim no lugar contrário. E, como amigo que sou e gosto de o ser, dei-te o espaço e tempo merecido. É verdade e tu sabe-lo.

Infantilidade? Exagero? Não são palavras que eu use para tal atitude. É a tua pessoa e sinceramente era capaz de agir da mesma forma no teu lugar.

Mas, tal como já te devem ter dito, a solução não é afastar. Somos adultos e os adultos falam. E bebem copos.. Não?

quarta-feira, 21 de março de 2012

A Vida é feita de Decisões

Isto será apenas mais um pensamento transformado em texto.

Sem demoras te digo que tens andado às voltas na minha cabeça.
Talvez pelo que se tem passado comigo e também contigo.
Independentemente de tudo e todos.
Lembro-me de ti em cada minuto que passa.
Lembro-me de ti porque .. porque és tu ..

Certamente vais ler isto e ter um impulso.
Ainda te lembras?
Rara era a vez em que nos juntavamos e isso não te acontecia.
Era mais forte que tu, que eu e que nós.

Talvez tenhas crescido e realmente aprendido com o teu erro.
Há sempre essa esperança de que tenhas MESMO mudado.
A esperança não morre, nunca morreu.
Talvez seja essa a razão de não me ter entregue a ninguém.
sim, é verdade .. podes suspirar de alívio.

Tempo passa, mas muito continua igual.
Há excepção de algumas memórias que ficaram mais presentes.
Embora tenhas esquecido as más, eu não.

Pois .. e agora?
Remar contra a maré ou deixar-me levar pela corrente?
O que fazer quando todos os caminhos são um mistério?
Bem, outra vez no mesmo sítio.
Lugar que eu já mais pensei rever.
Estático no meio de todos, mas no meio do nada.
Mar.. é como um mar enorme e sem terra à vista.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Um desafio ao destino!

"Se tiver que acontecer, acontece."

Palavras escritas que nem ouso proferir. Só o som já lembra a dor sentida no passado.
Deixar ao destino. Foi essa a decisão.
Mas nem todos o fazem. Há quem faça o seu próprio destino.
Há quem crie o ambiente/situação de modo a que o destino vá por onde se pensa ser melhor.
Aconteceu. Era o que tu querias e aconteceu. O teu desejo foi satisfeito.
E eu? Eu apenas morri por dentro. Nada de grave. Nada que não tenha acontecido varias vezes depois.
E digo-te isto porquê? Porquê agora? Porquê hoje?

Já passou. A dor de pensar em ti já não magoa mais.
O espaço vazio que deixaste continua lá. Vazio e à espera de alguém.
Mas o molde que fizeste nesse espaço já não serve para ti.
Por muito que tentasse, tu não irias caber. E tu sabe-lo.

Terá sido o tempo? As pessoas? Os sítios? Não sei. Não desejo saber.
Só sei que a pessoa que ocupou aquele espaço durante anos desapareceu. E, com ela, a esperança de voltar a ser quem eu fui.
Disso sim. Disso eu sinto imensa falta. Adorava a pessoa que eu era.

Tudo isto porque aconteceu. Porque o destino assim quis. Porque estava destinado.
É suposto acreditar nisto? Não interessa. Já aconteceu. Mesmo que não fosse suposto, aconteceu.
Só espero que da próxima vez que eu deixar tudo ao destino me corra melhor. Já merecia!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Uma ferida aberta

Eu já estava bem. Sentia-me curado. Tinha ultrapassado o medo, a dor, o sentimento. Já não eras o centro do meu pensamento a cada cinco minutos. Mas nada dura para sempre. Nem a ligação nem a distância que se criou. Reapareceste.

Foi como se alguém tivesse arrancado a crosta do corte profundo que me fizeste. O problema é que esse alguém fui eu. Sempre gostei de arrancar as crostas das feridas que fiz. Tantas vezes que maior parte deixavam cicatriz. Marcas para toda a vida.

Marcaste-me, e disso não existem dúvidas. Mas já é altura. É altura de deixar esta ferida sarar e deixar a crosta sair por ela própria. É isso que eu quero. É isso que eu preciso. É isso o melhor. É o que me vai no pensamento.

E é precisamente o contrário do que eu faço, pois já arranquei a crosta outra vez e a ferida voltou a abrir e já sangra. Sangra com cada bater do meu coração. Batimentos acelerados, por tua culpa.

Agora só resta esperar. Talvez alguém venha tratar desta ferida. Talvez ela se cure sozinha. Talvez eu trate de mim próprio e não volte mais atrás.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Verdade da Mentira ou Mentira da Verdade ?

Começam sempre da mesma maneira. Perfeitas em todos os sentidos. Um infinito mar de rosas de felicidade. Ambas 'as partes' sempre em harmonia e paixão.

Até que, previsivelmente ou não, algo acontece. Pode não mudar tudo, mas há algo que muda sempre e para sempre. Não há volta a dar. Isso é mais que certo.

As pessoas mudam. A interação muda. As conversas mudam. O ambiente muda. Para melhor? Raramente. Poucos têm essa sorte.

Então, surge a escolha: afastar ou tentar remediar. Uns tomam a escolha rápida de fugir e esquecer. Ou pelo menos tentar esquecer.
Outros, talvez mais corajosos, tentam remediar. Dar a 'segunda chance'. Fazer um esforço para funcionar.

Valerá a pena? Valerá o esforço?! Cada um sabe de si. Cada um deve saber onde se está a meter. Se não souber, ficará a saber eventualmente.